domingo, 21 de setembro de 2008

Ai Julieta,

(por Paloma Franca Amorim)

Ai Julieta,


Essa história de brigas familiares eu achava que só existiam na minha família, e veja que eu não sou nem Montequiana nem Capulêtica.
Na verdade, eu apenas queria aquele remedinho que tu tomaste para dormir (no plano das idéias, devo admitir, foi tiro e queda porque tu tiraste um cochilo daqueles, até enganaste teu pretenso marido. Mas que cagada Julieta! Imagine que se a dose tivesse sido um dedinho melhor calculada nenhum desencontro teria acontecido e ninguém pagaria com a própria vida. Querida, se tu tivesses falado comigo, eu te receitava um quarto de Rivotril que acalma e traz o sono fácil fácil, nada de mais, nada de menos.)
Se o problema era experimentar as dores do amor, eu te receitava, Julieta,Uma música triste, um café meio amargo demais,Não que eu tenha muita experiência, sou meio nova no assuntoMas a gente toda sabe que o coração tem lá suas desmedidas
Gosta de um sofrimentinho para passar o tempoEu te daria um beijo e um tchau, Julieta,Para você chorar três semanas, três longas semanas,(Porque eu sou o máximo!)
Mas isto não vem ao assunto; nesta tua lápideEu atento para o fato de que a tal atitude com o punhal foi um pouco exagerada.Não tomes isto como ofensa, tá?É que eu sempre achei que gente jovem não foi feita pra morrer,
Nem de morte morrida nem de morte enganada,Em Verona, que é a mulher do Verão, curiosamente as noites são frias. Se tu querias um Romeu, eu te arranjava um Romeu. Ou um Ronaldo ou um Tadeu. Homem não é problema.Ainda bem que tudo soa tão bonito nas rimas shakespearianas
Até o diabo fica com cara de ternura,Porém na altura em que estamos,Nesta pretensiosa encarnação,As rosas com outros nomes ainda teriam o mesmo perfume, Mas seriam vendidas bem mais caro na beira dos umbrais do cemitério da Consolação.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem é esta poetisa ?

Anônimo disse...

Paloma - a paraense.

Anônimo disse...

Ah. Talvez eu saiba quem é.