domingo, 21 de setembro de 2008

Josef Stalin x Walt Disney - Crítica Ubumáquina I

(por Macaco careca n°8)


Curiosidades sobre Ubumáquina:
1. Não são necessários os habituais, quando se trata de peças do CAC, 8 cafés super-fortes para manter-se atento ao espetáculo. Isso porque os atores gritam tanto que nem o Dalai-Lama conseguiria pregar os olhos. E sabe aquele zumbido, na orelha, após a balada de punk-rock? É... Então...
2 Interatividade! Se você tiver visão noturna pode jogar Ubu-bingo! É assim: no seu programa do espetáculo vão vir umas 8 palavras escritas, como uma cartela. Teoricamente, elas serão gritadas ao longo da peça, se você ouvir as 8 do seu programa, você tem que reunir sua coragem e gritar (no meio da peça) “Ubu-Bingo!”, dizem que ganhará um prêmio... Enfim...

Perguntas sobre Ubumáquina:
1. O sufixo máquina, no título, refere-se à materialidade do olhar, à contemporaneidade histórica, ou à “minha idéia (ou não-idéia) sobre o mundo hoje”?
2. Por que o fascínio sexual? Seríamos animais brincando de geopolítica enquanto nossos instintos pulsam a libido aprisionada? (nesse caso, os cachorros biônicos do prólogo estariam explicados?)
3. A idéia do espetáculo, como um todo, é uma provocação à arte acadêmica? Ou um comentário acadêmico acerca das rupturas provocativas?
4. Era pra rir?

Crítica a Ubumáquina:
1. As balas de mel são horrorosas. (Era a proposta?)

22 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi porque bem as críticas não foram assinadas. Para mim isso tira a seriedade de qualquer crítica. Tom de fofoca à la josé simão. Acho ruim e não vejo motivo algum.

Paulo disse...

Cara Denise,
As críticas não foram assinadas em um consenso do coletivo editorial. O principal motivo é que por decidirmos fazer as críticas das peças do departamento estaríamos sujeitos à uma "pessoalização" excessiva (o CAC é bem pequeno), e uma contra-argumentação influenciada pela figura de quem escreveu. Quando, na verdade, a idéia é gerar um debate de idéias e não de pessoas.
Mas sua consideração será levada em questão nos próximos números, obrigado.

Anônimo disse...

Acreditamos que a obra fala por si só e preferimos pô-la em primeiro lugar, em vez de lidar com valores meritórios relacionados aos seus autores. O anonimato pode ser, sim, considerado uma tentativa de fuga à responsabilidade da autoria, mas isso só faz sentido quando é parte de um contexto em que haveria problemas ao assumir essa responsabilidade, como no caso de ofensas e agressões pessoais. Não é o que acontece aqui, sendo que estamos, como disse o Paulo, preocupados com o debate de idéias.

Anônimo disse...

entendo que isso aconteça, mas o que mais tenho visto é uma especulação em cima do nome do possível autor, afinal o exercício crítico é uma produção que vem de dentro do departamento, e assim como a direção está assinada nas peças em cartaz, acredito que as críticas também deveriam estar. Entendo que possa haver uma "pessoalização", mas se não houver, então é novamente a entidade CAC que está comentando sobre a peça apresentada. Então que todos assinem a direção de Ubumáquina, também. sei lá, é o que eu penso.

Anônimo disse...

Acho que se forem publicadas críticas maduras, as contra-argumentações também serão (ou pelo menos deveriam ser) maduras. Se a crítica é pessoalizada, assim também serão as contra-argumentações. Acho que a obra e a crítica devem ter as mesmas regras, em todos os sentidos. Nem sempre é assim que funciona, mas a decisão tomada parece das mais fáceis. Essa prática deve ser séria, para que seja seriamente recebida e para que esse embate de idéias possa realmente acontecer.

Anônimo disse...

Não se trata de ser o CAC todo assianndo a crítica, mas, TALVEZ, todos do jornal, já que não escondemos que a autoria é do nosso conselho editorial. A fofoca se forma na especulação em cima do nome do autor, não nasce de nós do conselho. Fiquei aqui pensando que poderia também ser interessante alguém não assinar a direção de um espetáculo, mas lá vem a questão do ego. Fazer as pessoas não verem um espetáculo só porque é do Antunes ou de fulano seria algo muito profícuo. as pessoas talvez também analisassem melhor, sem preconceitos. Imagine algo análogo ao que fizemos: há alguns espetáculos cuja autoria não é assumida. Sabe-se que os diretores estão entre alguns nomes, desde famosos até reles desconhecidos. Como seria a avaliação do público? Haveria algum "u-hu" no fim? Parece-me que fazer uma crítica à falta de nome das nossas críticas (entendendo-se que elas não sejam ofensivas, pois sei que há quem assim tenha pensado e eu mesmo discordo de algumas coisas) é o mesmo que se criticássemos o Ubumáquina pelo André. "Aquilo a que chamamos rosa, com qualquer outro nome, teria o mesmo e doce perfume."

Paulo disse...

Discordo Denise,
de que se não houver a "pessoalização" será a entidade CAC comentando. Objetivamente porque o jornal é assinado, a partir desse número, por um grupo de pessoas. Se o comentário ganha amplitude de entidade é, no máximo, referente ao coletivo (e, quanto a isso, concordo que, se aconteceu, é um problema) e não ao CAC. Até porque essa "entidade cac", se existe realmente, é o grande alvo de nossa insatisfação, não? E nunca falaremos no nome dela, pode ter certeza. Outra questão que discordo é em relação as regras e à facilidade. Quanto às regras, acho que, como qualquer obra artística, as críticas não deveriam ser nunca normativas. Deveriam sim ser espaço de ruptura formal e discursiva, sempre. Quer coisa mais besta que crítica de jornal? Elas sim são todas regradas. Ainda bem que nós não. (nesse sentido, acho louvpavel um espetáculo assinado coletivamente, por que, aliás, "o que é o autor?" já se perguntava Foucault)Quanto à facilidade, também discordo. Acredito que o exercício crítico é algo muito difícil de ser operado, mas não pela exposição que causa ao autor, e sim por ser quase um exercício literário e histórico, onde qualquer ignorância do crítico fica mil vezes maximizada. Em relação as duas críticas publicadas no jornal, embora muito diferentes uma da outra, acredito que, cada qual a seu modo, tem muito a contribuir ao debate da peça. Bom, já escrevi demais. Mas muito bom você ter se manifestado, acho que é assim que tornamos o espaço do jornal mais interessante a todos. E reitero que sua opinião será discutida nas reuniões. que, aliás, são aberta, e você está convidadíssima a participar. (a próxima será semana que vem, ainda sem data. Avisaremos.

Anônimo disse...

=) essa conversa pode ir bem longe, de qualquer forma,
ainda me oponho ao fato das críticas não estarem assinadas.
Entendo que vocês também estejam fugindo da "entidade CAC",
de qualquer forma ainda tenho a impressão contrária,
dentro das críticas eu sinto que continua existindo uma pessoalização,
ou pelo menos uma falta de simpatia, concordo plenamente que o exercício crítico
é algo difícil de ser operado, e com certeza a crítica não deve ser levada em consideração
pelo nome do autor, entendo que é um exercício literário e histórico,
mas não é necessário dizer que nem todas as críticas publicadas tem um grau de sofisticação
tão grande que mereça uma citação de Foucault. A falta de nomeação é um facilitador.
Agora entendo que a opinião expressa é realmente a opinião do conselho, mas acredito que a opção de publicação,
não deve partir só da opinião geral sobre a crítica expressa mas de uma escolha literária, pensar se ela é realmente válida.
não acho que as críticas devam ser de todo normativas, mas devem ser sólidas e maduras,
de alguma forma construtivas, para que o embate aconteça, e não vire apenas fofoca ou especulação.

Sei lá, já to viajando aqui, acho que é algo que pode ser discutido por
vocês no conselho. Se for possível estarei lá, também.

Paulo disse...

Só uma coisa, a opinião expressa na crítica não é uma opinião geral do coletivo. Eu quis dizer que se remete a uma entidade remete ao conselho editorial. Embora não seja verdade e nem nosso objetivo.
O objetivo era, simplesmente, que fossem idéias das pessoas envolvidas (e que discordam entre si, aliás) que pudessem ser férteis ao debate da peça - para além da pessoalização.
é.. mas você tem razão... isso precisa ser discutido

Ju Bueno disse...

Se as idéias expressas não revelam uma postura coletiva do coletivo, elas não são assinadas apenas para "proteção" dos autores...
Sei lá,eu não assinaria um texto meu, colocaria um pseudônimo, mas não se esse texto fosse uma referência ao trabalho de outra pessoa, pois essa pessoa tem o direito à interlocução...
Ok. O "autor" identificado (o da obra) pode responder ao jornal, mas into algo de desleal na coisa...
Mas tudo bem, também estou escrevendo em processo de reflexão aqui com meus botões e suas palavras...
E me parece inclusive que as palavras e perguntas apontadas na crítica mereciam assinatura sim, não vi a peça, mas ela me pareceu bastante incômoda ao criticador.
Ju Bueno.

Paulo disse...

Ju, realmente tem vários lados a coisa.
O que me fez pensar foi quando li seu primeiro comentário no blog sem assinatura e achei sarcástico. Depois, quando li o mesmo assinado, logo embaixo, mudou bastante minha percepção sobre ele. Porque inevitavelmente meu olhar passou a estar totalmente ligado a minha relação com você. E aí achei o comentário, bravo e tranquilo e muito legal.
Por um lado, assinar as críticas pode possibilitar uma apreensão mais verdadeira das palavras. Entretanto, seria mais verdadeira aquela apreensão ligada ao prévio conhecimento (e todos os seus indissociáveis julgamentos, e preconceitos) do autor? Não sei. Cada qual tem sua parcela de potência.

Discordo da "proteção". Acho que tem um pouco de querer poupar-se de um possível stress gerado pela crítica. Mas isso, acredito que seja algo bastante justo.

Entendo quando você fala em deslealdade, porque talvez a análise crítica tenha sido feita levando em conta, mesmo inconscientemente, a "pessoalidade" dos envolvidos na peça. Mas, nesse caso, o exercíco crítico devia prezar para desvincular uma coisa da outra, e não "conformar-se" com a análise pessoal e, portanto, dar direito ao interlocutor do mesmo tipo de "pessoalização".

No todo, acho que justamente por a peça ter parecido incômoda ao crítico, a não assinatura é talvez, como já disse, um "poupar-se" de um desgastamento de relação com os envolvidos (afinal, todo mundo se conhece). E acho justo! porque, enquanto jornal, o que nos importa são as idéias envolvidas - mesmo que a não-assinatura possa diminuir a percepção, ou parecer algo "mascarado"...

Acho que tudo já é regrado demais... a ética pode ser mais elástica, talvez.

Paulo disse...

Acho que, se fossem assinadas, as críticas não diriam muitas coisas duras, mas importantes de serem ditas.

Embora, a polêmica gerada pela não-assinatura suprimiu totalmente o debate acerca do conteúdo das críticas. Isso é algo a se pensar. (mesmo eu achando ótima essa discussão em relação a forma da autoria)

Anônimo disse...

e esse "jornal"? é pra rir?

Paulo disse...

teoricamente sim,
mas conceitualmente não
paradigmaticamente, talvez
pós-modernamente, tanto faz.

ah, e obrigado pelas aspas em "jornal". Nos deixou muito felizes.

Anônimo disse...

Eis a maravilhosa coerência de quem critica nosso anonimato. Ou será que, nesse quesito, o anônimo "tá com nóis"?

Palo disse...

O anonimato é uma opção não só de quem faz parte do núcleo editorial, mas também de todo mundo que gostaria de publicar alguma coisa no jornal, que bom que existem opções neste sentido ainda. Eu tenho lá minhas ressalvas sobre assinar ou não assinar, mas me coloco aqui como uma entusiasta das alternativas e sendo assim, respeito a necessidade de quem prefere usar um pseudônimo.

Anônimo disse...

A questão de tanta polêmica, creio eu, não gira em torno do fato da crítica não ter sido assinada. Acho que todo esse "fusuê" se criou pelo extremo caráter pessoal e destrutivo da mesma. Se fosse uma crítica que apontasse erros do espetáculo construtivamente, podia ser o papa assinando que não ia gerar todos esses rumores. Mas acontece o contrário: a crítica DESTRÓI o espetáculo, DESRESPEITA tanto o autor quanto as pessoas que trabalharam nele e diz coisas relevantes. O CAC é acima de tudo um lugar para experimentarmos. Mas vocês não acham que se, a cada projeto, experimento que saia "ruim" que fizermos, sair uma crítica desse naipe num jornal do próprio CAC nos sentiremos meio "podados" pelos nossos próprios colegas?

Se joguem, e respeito acima de tudo.

valhewwww

Anônimo disse...

arrumando ali em cima:

são coisas IRRELEVANTES e não RELEVANTES.

=)

Paulo disse...

Oi Tiago,
discordo (pra variar).
Não vejo nenhum caráter pessoal na crítica. Nem, tampouco, destrutivo. concordo que tem ares um pouco agressivos, pelo excesso de sarcasmo, mas o sarcasmo me parece uma tentativa de comicidade, de não se levar muito a sério (algo positivo, por buscar fugir das formas tradicionais da crítica).
Discordo absolutamente de que a crítica deve apontar os erros do espetáculo construtivamente. Acho que desenvolver discursos, debates, gerar problematização, repensar aspectos sociais a partir da obra, provocar os realizadores, estimular o argumento, são aspectos da crítica tão, ou mais importantes do que apontar os erros construtivamente. E, nesse caso, a comicidade me pareceu ser um ótimo recurso utilizado. Por relativizar questões, provocar e "tirar do sério" - um recurso aliás utilizado por muitas e muitas vezes na história, como arma política, como relativização da seriedade besta da academia, como operação para "não nos levarmos tão a sério assim", etc. Além do que, algo louvável é a crítica ter buscado CRITICAR com a FORMA vinculada ao CONTEÚDO. E, assim, fugir da práxis tradicional e careta da crítica normativa(claro que é um exagero frente à pequena crítica em questão, entretanto acho que ela aponta para esses aspectos).
Quanto a pergunta feita, eu acho que não. Acho exatamento o contrário, que se nós fossêmos duros com aquilo que achamos questionável, o debate no CAC seria muito mais sofisticado. Mas não, preferimos nos abster de tudo, não polemizar, respeitar a obra alheia, relativar a cor da parede e, enquanto isso, o mundo desmorona e o teatro é, cada dia mais, indiferente. A meu ver, o respeito na arte não serve pra nada (que seria de Oswald de Andrade com respeito, de Zé Celso, de Flávio de Carvalho e do próprio Alfred Jarry com respeito? ou o repeito só deve ser praticado para com nossos conhecidos? Se for isso, discordo mais veementemente ainda). Eu seria um idiota se virasse e falasse: eu acho a peça medíocre porque ela desrespeita o marxismo. Não seria?

E, sério, faça as perguntas propostas na crítica para o espetáculo. Acha mesmo que são irelevantes?

Nós escolhemos fazer teatro. E todos sabemos o quão duro isso é. Por isso mesmo é preciso, cada vez mais, enfiar o pé na merda.

Pra terminar, se o cac é um lugar pra "experimentarmos" por que levar tão a sério essa crítica?
Ou, melhor, não seria ela também um trabalho experimental no campo da teoria? (ou o experimento teórico deve ficar sempre em função da prática?).

Me jogo! (essa parte eu gostei)

Anônimo disse...

Cara, você escreve muito, e eu to com preguiça de escrever agora hehehe, vou ser curto.

De tudo que você escreveu, só concordo no final, que a tal crítica possa ser vista como um experimento também, que eu vejo como ruim e aponto tópicos de discussão para melhorá-lo.

Mas respeito é em todo lugar. Não boto esses autores que você citou em "pedestais". Para mim, desrespeitou, errou.

Fabrício Muriana disse...

Crítica anônima, como diria a Xuxa aos baixinhos, adoro!
Comentário anônimo, adoro! Só na internet dá pra radicalizar esse diálogo que prescinde do nome (ó entidade eterna e imutável).
Abraço

Anônimo disse...

Aprendi muito