segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Entrevistas - na íntegra!

1. Como você acredita que esteja reverberando a Semana de Arte e Cultura agora?
2. Tendo em vista as Mostras CAC, Semana de Arte e Cultura e Mostra da Licenciatura, qual a relevância, pra você, dessas atividades?


Fernanda (1º ano)


1. Das pessoas todas que participaram eu não sei. Eu posso falar do que ta mais próximo de mim, que é a minha turma e eu mesma. Da minha turma eu acho que o pessoal viu que é possível fazer alguma coisa. E agora parece que deu um gás pra por em prática as buscas de cada um ou as buscas coletivas, de um pequeno coletivo. Em mim, ta reverberando muito a fala do Moreira, no dia em que ele veio ai compor as mesas, porque as vezes agente passa tanto tempo aqui que agente começa a tomar as coisas como verdade e eu acho que essas coisas as vezes são ensimesmadas demais para serem tomadas assim, e é isso.

2. Acho que o diálogo, o diálogo com quem vem aqui trocar. Um outro espaço que possibilita outros tipos de diálogos e diálogos da gente com a gente mesmo.


Denise (1º ano e da organização da Semana de Arte e Cultura no CAC)

1. Então, dentro da classe eu vi comentarem bastante, falarem que realmente foi muito legal e todo mundo que veio só teve opiniões positivas. Agora, tem muita gente que não veio que também não fala nada e pergunta sem querer saber de verdade. Mas eu acho que a repercussão ta sendo muito boa. Quem viu só tem elogios. Assim, eu ouvi bastante gente falar que realmente a primeira parte das mostras (de cenas) e a segunda parte dos debates ficaram meio sem encaixe, mas eu acho que foi super produtivo o debate, assim, os últimos dois especificamente reverberaram muito, todo mundo pensando muito sobre... Mas eu queria ver se alguém tava afim de fazer algo um pouco mais prático, sabe? A gente que organizou, a gente ta muito afim, discutindo coisas, outras propostas sobre o que a gente pode fazer a respeito e procurando saber como funciona realmente toda essa burocracia... A gente entrou agora e não sabe realmente como funciona e também ninguém dá apoio pra isso. E aí é isso, eu acho... Tamo tentando ir pelas nossas próprias perninhas. E o resto espero que também tenha ficado estimulado e também queira ir com suas próprias perninhas.

2. Pô, eu acho que é muito relevante, né, é um espaço que é pra discutir esses assuntos que as vezes agente deixa de discutir em aula, a gente fica discutindo a cena, fica discutindo coisas extremamente específicas e a gente não discute como isso pode reverberar na sociedade, na comunidade, e acho que esses são espaços ótimos pra isso e pra gente conversar mesmo, pra gente saber dos nosso projetos do nossos anseios. Acho que é isso, e acho que pô, eu faço licenciatura e pra mim... eu quero muito ver a semana de licenciatura. No CAP eu sempre, faz uns dois anos que eu vou na semana de arte e educação, e é esse o contato que eu tenho. Então, eu não sei, eu não sei como funciona aqui, eu vejo que aqui é meio parado, assim com é lá, mas eu quero ver como funciona...


Maíra (5º ano)

1. 1. Então, pra ser sincera... Eu to saindo da faculdade e tenho um mês pra entregar meu TCC, então eu não tive possibilidade de vir acompanhar assim, de perto, né? Porque eu to com os prazos muito em cima, então eu venho o mínimo possível pra universidade. Venho cumprir minhas obrigações, mesmo porque eu to saindo nesse momento, isso em termos práticos. Agora, em termos conceituais, assim de ver a coisa acontecer, eu fico muito feliz, porque é o último ano que eu to aqui, eu não tinha visto essa iniciativa antes assim desse jeito, tenho visto outras iniciativas mas não dessa maneira. Eu acho importante trazer pessoas que venham contribuir pro nosso diálogo aqui dentro. Mas acho que algumas coisas ficam meio na superficialidade no sentido de... Até pra questões que são questões que a gente acaba não discutindo o ponto nevrálgico delas, assim... Que a meu ver hoje é [por exemplo] a questão da produção, que é produzir teatro, como se produz teatro? Então, você chama alguns grupos que tão produzindo, que tão passando pelas dificuldades, que tem a lei de Fomento, a gente sabe que tem isso... Mas tá, e daí? Assim, sabe? A gente fica, acho, que no meio do caminho e acho que as iniciativas tão um pouco, ficam um pouco nesse sentido. E aí, uma coisa que eu queria falar na verdade é uma coisa que eu to pensando muito nisso: eu tava lendo aquele texto da Susan Sontag que ela escreveu abordando Artaud, não sei se você já leu, todo mundo fala desse texto, né? E eu nunca tinha lido. Me caiu como uma luva para as coisas que eu tenho pensado: o quanto Artaud queria uma revolução cultural pelas questões pungentes dele do fazer teatral, mas pensava isso fora do âmbito político. E o que ela ta chamando atenção ali, a meu ver, é de como a arte precisa pensar a revolução cultural ou o que quer que a gente possa chamar de revolução hoje, pensar atrelado a questões políticas; e hoje a revolução política, a meu ver, está em se pensar em outros modos de fazer. Eu acho que ela chama atenção pra esse texto e eu fiquei pensando nisso sabe? Que artistas que pensaram as duas coisas? Os que pensam a revolução política vai pra alguma coisa que fica estritamente às vezes ligadas as questões partidárias ou questões do fazer a arte em prol de alguma coisa e outros, às vezes pensam a revolução cultural por essa perspectiva só do, que também é intenso, mas eu fico preocupada, sei lá tipo... eu enxergo que o Beckett foi um cara que pensou um pouco as duas coisas, mas ainda num âmbito que talvez a gente não consiga enxergar. Não sei. Mas é uma questão pra mim hoje e acho que ver esse tipo de coisa [acontecendo] me reverberou a pensar essas coisas.

2. Ah eu acho assim: eu acho que elas são iniciativas distintas entre si apesar de carregarem também em si um pressuposto comum que é essa idéia de pensar a universidade pra fora, pensar, tal... Como eu participei da criação das outras duas mostras CAC, a gente tinha a idéia... Na real, a primeira idéia da mostra, era aquela coisa do departamento olhar pra si: então promover o dialogo aqui dentro. A gente tava saindo, tava no meio do caminho, e sentia que isso não existia muito. Então, a meu ver, a Mostra CAC tem um pouco essa característica, não sei como que vai se desdobrar daqui pra frente, mas ela nasceu dessa vontade, assim, da gente poder conversar a partir de tudo que a gente produz aqui e entender pra entender o teatro que a gente produz aqui dentro. A Mostra de Licenciatura, no sentido de fazer alguma relação, ela também tem um pouco desse olhar, no sentido de abrir uma fissura aí, pra produção do que é, do que se produz aí na licenciatura, que é um curso que sai, que vai produzir fora mesmo, na maioria das vezes. E acho que, na verdade, essas coisas tinham que estar mais intercaladas, eu sinto que são um pouco, iniciativas um pouco... não isoladas, mas desmembradas. Acho que vem um pouco a idéia da mostra CAC: eu me lembro que a gente começou a discutir porque o departamento não parava pra ver a Mostra de licenciatura. Assim, o departamento pára em greve, o departamento pára em um monte de coisa, mas pra ver o trabalho do outro não parava. Tanto que a idéia inicial da Mostra CAC era fazer no final do ano, então faz mostra da licenciatura, faz mostra de direção, de interpretação tudo junto e aí a gente promove dialogo tal; só que tem sempre aquela coisa, no final do ano ta todo mundo cansado, então fica um pouco sem lugar às vezes. Sempre vai ter uma intempérie, acho que a grande questão vai ser como que a gente vai lidar com as intempéries pra sempre tentar promover o dialogo. Porque sempre vai ter algum tipo de... alguém vai ter algum problema. Eu meu problema agora é meu TCC por exemplo, entendeu? Não pude vir na Semana de Arte e Cultura, entendeu? Fiquei sabendo tal... mas enfim, de todo modo eu to saindo da faculdade e acho legal as pessoas estarem com garra pra coisas continuarem acontecendo assim.. e acho que é isso.

Paloma - 3° ano


1. Então, eu não participei da Semana de Arte e Cultura. Eu acho assim, eu não escuto as pessoas falando muito. Eu apenas ouço alguns comentários, mas num ouço uma reverberação, não sinto que suscita muita discussão nos corredores, eu não sei muito bem. Algumas pessoas vem falar das palestras tal. Mas pra mim ainda é muito pouco.

2. Eu acho que elas são muito relevantes, mas elas tem que ser... elas tem que ganhar potencia, e eu não sei bem como fazer isso, assim... eu vejo o pessoal se organizando, eu vejo o pessoal fazendo as coisas, eu vejo as pessoas se articulando, mas no final a reverberação da primeira pergunta eu não sinto tanto né? Que é o eco. Quando elas estão acontecendo elas acontecem mesmo, e é muito legal, mas o eco e as discussões e o que elas trazem não acontecem muito...


Julio - 2° ano

1. Agora? tipo uma semana depois? Ah, eu num sei se ta reverberando tanto, não ouvi falar muito. Mas na semana acho que tava bacana ... uma galera quis vir na aula, ou nem vir na semana pra prestigiar. Mas, ah, eu não sei se ta reverberando muito, mas eu acho que a idéia foi bacana. Ah, eu acho a mostra super importante, mas do jeito que foi organizado, uma coisa muito do pessoal do Arte e Cultura, eu acho que foi muito do nada. Aí, de repente: ‘Ah a gente tá a num sei quantos meses organizando, é... você que num prestou atenção nos cartazes num sei que...’, mas eu num acho que tem tanta divulgação aqui no departamento. Eu acho que a divulgação, [mesmo] depois, pra semana mesmo, quando tava tudo pronto, eu acho que a divulgação não foi muito boa. Então, acho que tem ser mais organizada, sabe? Eu acho. Não quer dizer que foi desorganizada a Semana de Arte e Cultura, mas o departamento ficou muito a parte disso, o departamento em geral. Eu acho. E não foi por que a gente quis. É porque, meu, é no meio da semana tinha professores que queriam dar aula e que não iam deixar de dar aula e a gente ta com o cronograma atrasado, não é culpa nossa e eu não falo que é culpa do professor exatamente. Mas pode ser que sim. Mas, meu, a gente tem que cumprir o calendário sabe? E tem que ter uma comunicação maior entre as partes do departamento. Não sei se tô sendo claro.

2. Eu acho muito importante porque a gente sabe o que tá acontecendo em todo o departamento. Sei lá, eu acho bem relevante. Eu gosto dessas semanas. Gosto muito da Mostra CAC. E gosto muito dos debates que tem e das polêmicas também. Que eu acho que quando rola polêmica é porque é serio, assim... sabe? Não é qualquer coisa e eu acho que tem coisas que precisam ser discutidas nesse departamento.

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