quinta-feira, 7 de maio de 2009

Subterfúgios do dia-a-dia

por Marcelo Gasparini (5°ano)

A todos os discentes, docentes e funcionários do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de São Paulo
(e também ao Chico da música, Carol, Karina, namorados das artes plásticas e ao respeitável senhor que fica lendo jornal na mesa ao lado às quartas e sextas)

Venho, por meio desta, enfim, levantar o debate que venho fomentando há meses – talvez anos – com certeza anos – sentado nesta cadeira de plástico, na segunda mesa da parte externa do teatro laboratório, a partir da cantina. É desse ponto que observo, com olhos de águia, todos os questionamentos, problemas, crises e tropeçadas humilhantes nos degraus das escadas desse departamento. E é ao redor dessa mesa – ó, amada mesa – que se reúne a elite pensadora da juventude contemporânea dos artistas teatrais fumantes e beberrões que usam óculos escuros em quaisquer ocasiões e/ou horários independentemente da claridade – e apesar do recorte exageradamente específico, trata-se de uma grande parcela do meio teatral.

Há muitos anos, esta mesa – ó, idolatrada mesa – nos presta serviços inenarráveis, apoiando nossos copos de café para que, no auge das calorosas discussões de nossa cúpula, não nos lambuzemos deste líquido fervente e adocicado, impedindo, assim, lastimáveis perdas de fio da meada, além de evitar queimaduras. Sentados em torno desta mesma mesa – ó, abençoada mesa – como os grandes guerreiros sentados ao redor da Távola Redonda – talvez com um pouco mais de barriga e menos disposição para cavalgar – somos responsáveis pela diária discussão acerca dos problemas inerentes a esse departamento. Porém, como são inerentes, não perdemos muito tempo falando sobre eles e logo nos atemos a analisar as vidas alheias. É nesta mesma mesa – ó, dogmática mesa – que classificamos, diagnosticamos e, enfim, rotulamos cada espécime dessa (nem tão) fecunda fauna (e por que não flora?) CACana.

Alvo de constantes maus tratos, vítima das intempéries do clima USPiano (todos hão de concordar, existem mais coisas entre o céu e o clima USPiano do que sonha nossa vã meteorologia) e abarrotada pelas mochilas, malas, figurinos, bandejas de PF e pés imundos de nossos mundrungos estudantes, esta mesa – ó ociosa mesa – faz-se responsável pela ebulição de todo e qualquer colóquio, solilóquio ou distanciamento Brechtiano dos alunos desse tão profícuo departamento. É graças a essa mesa – ó, aliciadora mesa – que, por tantas e tantas vezes, nossos alunos debatem sobre os maiores problemas existentes dentro de suas salas de aula – sempre encontrando a mesma solução: cabular a aula ali mesmo.

Por esses e mais outros inumeráveis motivos, não vos caleis, ó pracistas! Contra as injustiças cometidas contra a Praça, AVANTE! A marcha continua, ininterrupta, até a próxima rodada de café!

AVANTE! NÃO AO ABUSO CONTRA A MESA – ó, magnânima mesa – DA CANTINA! SIM AO TOLDO PARA APARAR O SOL DAS QUATRO DA TARDE!

É que pega direto no meu olho!

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei mó legal.